Aquisição
de conhecimento! Não há nada na vida que dê mais
prazer do que aprender. Aprendemos ouvindo, vendo, conversando,
passeando pelo campo, ... e é claro, lendo.
Por
isso o ato de ler não poderia ausentar-se de um blog que pretende despertar nas
pessoas a magia do pensamento, o desejo de conhecer.
O
texto que segue é um dos meus preferidos. Encontrei-o numa apostila de uma aluna
do 3º ano a 13 anos atrás e me apaixonei
por ele. Com uma linguagem clara e objetiva, direcionada para o leitor jovem
(ou o jovem leitor, como queira), o autor deseja - e consegue - despertar em
nós uma deliciosa "fome de leitura."
“Ler é a melhor solução”
Você é o que
você lê. Afinal, se tem uma fome que é insaciável é a minha fome de ler, fome
de livro. Que aliás tem uma vantagem sobre as outras fomes, já que o livro não
engorda. Este artigo é sobre ler. Porque para mim, as pessoas são como estantes
que vão se completando à medida que empilham na memória os livros que vão
lendo. E é por isso que eu digo que quando uma velha pessoa morre, o mundo
perde uma biblioteca. Ler um livro é como ler uma mente, é saber o que o outro
pensa. O que o autor pensa. Ler é poder. Poder construir você mesmo. Tijolo a
tijolo. Ou livro a livro, para ser mais exato.
Você lê?
Quanto? O quê? Eu leio o que pinta. Livros, revistas, pichações, frases de
banheiro público, poesia, placa de estrada, jornal. Leio Capricho. Leio até
errata. E claro que ler não é substituto para viver. Viver é uma experiência
que não se substitui com livros. Mas pode ser enriquecida com as vidas que
estão neles. Também não estou dizendo que você tem que virar um intelectual.
Nada a ver. Intelectual é um teórico que tem medo de se colocar em prática. E
eu estou falando de praticar o lido para ficar melhor. Em tudo. Na vida, na
profissão, no papo, nas festas. Até no namoro.
Às vezes, a
gente não lê tanto quanto deveria porque não sabe o que ler. Mas se esse é o
seu caso, peça dicas. Eu sempre peço e dou. Para mim, indicar um livro é como
contar a alguém de um lugar que só eu sei onde fica. Por exemplo, quando eu era
pequeno li o Sítio do Pica Pau Amarelo. Que imaginação tinha Monteiro
Lobato! Eu viajei nas histórias. Outro livro que me marcou foi um sobre a vida
de Mayakovski, um poeta russo que viveu talvez a época mais energética da era
moderna: a Revolução Soviética. Ele fazia dos cartazes de propaganda comunista
uma forma de poesia. Viveu tão intensamente quanto a poesia que escrevia.
Existe, ainda, Jorge Luís Borges, que era um gênio (dizia que publicava livros
para se libertar deles), e Júlio Cortázar. Existe Fernando Pessoa, um homem que
tinha a capacidade de escrever assumindo personalidades diferentes, chamadas de
‘heterônimos’ (o contrário de homônimos). “O poeta é um fingidor. Finge tão
completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente”. Isto é
Fernando Pessoa. Caetano já cantou a pessoa de Pessoa em sua música.
Outra
descoberta: ler é o melhor remédio. Exemplo: em 1990, eu e minha namorada nos
separamos. Foi o momento mais duro de minha vida. E para não afundar, as minhas
bóias foram dois livros, um de Krishnamurti, um pensador indiano, e outro
chamado Alegria e Triunfo. Estou sempre comprando livros e adoro os de
frases. São frases de pessoas conhecidas, artistas, escritores, atores. Tem
coisas maravilhosas: “Se a sua vida é livre de erros, você não está correndo
riscos suficientes”, “Amigo é um presente que você dá a você mesmo”, “Se você
está querendo uma grande oportunidade, procure um grande problema”, “A melhor
maneira de vencer uma tentação é ceder a ela”.
Existe
Drummond, João Cabral de Mello Neto, Nelson Rodrigues, James Joyce, Paul
Valéry, Thomas Mann, Sartre, Shakespeare, Ítalo Calvino. Existe romance,
novela, conto, ensaio, poesia, humor, biografia. Existe livro e autor para tudo
quanto é leitor. E é por isso que para mim, o analfabetismo é coisa imoral,
triste e vergonhosa. Porque “se o livro é o alimento do espírito, o
analfabetismo é a fome da alma”. Uma fome que mata a possibilidade das pessoas
serem tudo que podem. Ler às vezes enche o saco. Às vezes dá sono. Às vezes dá
bode. Mas resista, lute contra essa preguiça dos olhos. O seu cérebro vai
agradecer. Afinal, as respostas estão todas ali. Você só precisa
Alexandre Gama - Publicitário e sócio da Almap/BBDO. Folha de São
Paulo, 12/10/07, Cotidiano, p. 7
Agora que você já fez a "leitura selvagem" do texto, releia-o atentando para as reflexões que o autor faz sobre:
- A morte de uma pessoa representar a perda de uma biblioteca.
- A não obrigatoriedade da escolha daquilo que se lê.
- O poder da leitura na vida das pessoas.
- O significado de se poder indicar um livro para alguém.
- Os autores que cita e que, sutilmente, indica.
- O que ele considera analfabetismo.
Já que estamos tratando aqui de fome de leitura, não poderia deixar de mostrar também esse vídeo em que Ricardo Azevedo, importante escritor brasileiro de literatura infanto-juvenil, conta como nasceu a paixão dele pela leitura e pela literatura.
Pronto! Você agora já pode começar a ler o que quiser.
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